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Entrevistas Desenvolvimento Web

TW Entrevista 05: Caio Gondim

Fizemos uma série de entrevistas com desenvolvedores chamada "TW Entrevista". O entrevistado de hoje é o Caio Gondim, engenheiro de software com passagem pela Globo.com e atualmente no The New York Times.

há 6 anos 6 meses


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Olá, Web Developers!

Hoje trazemos para vocês uma entrevista com o Caio Gondim, desenvolvedor que já trabalhou na Globo.com e atualmente trabalha no The New York Times.

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Se você ainda não viu, o entrevistado da semana passada foi o Caio Ribeiro.

Fale um pouco sobre você (de onde é, onde mora, o que faz, onde trabalha atualmente, etc);

Sou natural de Fortaleza, no Ceará, mas com 10 anos me mudei para São Luís, no Maranhão, e lá fiquei até meus 25 anos.

Depois de completar 25 anos mudei algumas vezes de cidade. Morei na Índia, San Francisco, Rio de Janeiro, Amsterdam, São Paulo e hoje resido em Nova Iorque.

Quando e como você começou a se interessar pela área?

Sempre gostei da área de exatas, de video games, de Lego. Algo bem clichê para um programador.

Por volta de meus 14 anos meus pais compraram um computador para mim – na verdade ele para todos na casa, mas ficava no meu quarto.

Passava horas no IRC, nas páginas do GeoCities e tentando baixar 1 mp3 por semana com o GetRight (sem ele era impossível).

Foram muitas madrugadas perdidas formatando o Windows, compilando Linux, e desfragmentando o HDD.

Quando chegou no momento de fazer uma escolha para qual curso prestar vestibular, eu optei por Engenharia Elétrica.

Achava que deveria dominar o básico para, só depois, subir uma camada de abstração e estudar computação.

O plano não deu nada certo. Engenharia elétrica era tedioso e não conseguia ver aplicação nenhuma.

Larguei o curso e prestei vestibular novamente para a federal do Maranhão, dessa vez para Ciências da Computação. Lá me senti mais em casa.

Como foi seu primeiro trabalho na área?

Meu primeiro trabalho profissional (ganhando um salário para trabalhar com computadores) foi na Intertech, em São Luís.

Humberto era um amigo de surf e de colégio que havia aberto uma empresa de consultoria e havia me convidado para trabalhar lá.

Foi uma experiência fantástica. Pude aplicar conceitos que estava aprendendo na faculdade, resolver problemas de clientes, trabalhar em equipe.

Trabalhávamos quase que exclusivamente com a stack LAMP (Linux, Apache, MySQL, PHP). Na época estava tão empolgado que cheguei até a tirar a certificação PHP5 e Oracle MySQL.

Você já morou em vários lugares. Como é morar fora do Brasil? Qual a parte boa e qual a ruim? Teve alguma dificuldade no começo?

As partes boas variam muito de país para país. As ruins costumam ser constantes.

Das ruins, a pior é a distância de família e de amigos. Você perde contato, não celebra mais sucessos juntos, não está lá para momentos de conforto. De repente você volta para o Brail e o filho do seu amigo — que você ainda nem viu — já está na escola.

Sobre dificuldades, a maior para mim foi o idioma. Leva um tempo para você se adaptar e entender gírias, se sentir confortável com o smalltalk do elevador. Fazer amigos reais também é um desafio, mas acredito que isso seja verdade para qualquer pessoa no mundo depois de sair da faculdade.

Para quem seguiu o podcast ZOFE (Zone Of Front-Enders) deve ter ouvido você e o Daniel FIlho falarem sobre mudar de país, o tanto de trabalho para resolver, ter que cancelar um monte de coisas, etc.

O que você aconselha para quem quer trabalhar fora do Brasil? Como se organizar para mudar de um país para outro?

A indústria de computação está muito aquecida. Estão contratando até mesmo programadores junior.

Se seu objetivo for morar fora, acredito que ele nunca foi tão fácil de ser alcançado caso você trabalhe com computação. Algumas empresas e países são mais difícies que outros, mas no geral as coisas são bem mais fáceis do que imaginamos.

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Morando em tantos lugares, você acha que o Brasil está bem em termos de ferramentas que utiliza? Você percebe se há diferença nas preferências de bibliotecas/frameworks/linguagens em cada país?

Não vejo diferenças grandes entre o Brasil e outros países que morei. Vejo diferenças grandes entre empresas.

Cada empresa tem sua cultura e as ferramentas usadas são um reflexo dessa cultura.

Outra variável importante de ser ponderada quando se pensa em mudar de empresa é a organização das empresas. A lei de Conway aqui define bem a experiência que tive pelas empresas que passei:

“organizations which design systems … are constrained to produce designs which are copies of the communication structures of these organizations.”

As pessoas devem te perguntar muito: como é trabalhar no famoso The New York Times?

Ainda estou novo por aqui, mas a experiência tem sido fantástica. Trabalho no time de multimedia, mais especificamente no player web.

O time todo tem um carinho enorme por engenharia de software, performance e testes. A empresa investe na minha educação, me incentiva a ir palestrar e a participar de projetos open source. Me sinto muito privilegiado e orgulhoso de fazer parte desse time e dessa empresa.

Como é o fluxo do desenvolvimento e entregas?

Algo diferente aqui do Times é a qualidade. Todo empresa tem pressa, mas os valores da empresa que ditam o que deve e não deve ser apressado para se ter um release em tempo. Aqui qualidade é um item não-negociável.

Fora isso, usamos todas as ferramentas e métodos padrão.

O que você considera como maior aprendizado que adquiriu aí?

Como ainda estou novo por aqui, vou deixar para responder essa pergunta daqui a alguns anos no nosso próximo papo. :)

Pra quebrar o gelo

O que você considera que caracteriza um desenvolvedor “raiz” e um desenvolvedor “nutella?”

No começo da minha carreira usávamos SVN. Um deploy significava arrastar uma pasta para um servidor via FTP, o editor de código era o Eclipse (que dava tempo de fazer um café esperando ele abrir) e não haviam testes, monitoramento, auto-scaling, etc.

Em computação é melhor ser “nutella” e acompanhar o que está acontecendo.

Já usou seu conhecimento técnico para fazer uma brincadeira ou trollar alguém?

Lembro um dia que eu e minha irmã estávamos sozinhos em casa. Ela na sala no escuro terminando um trabalho no Microsoft Word e eu no meu quarto entediado.

Lembrei que havia habilitado o acesso remoto no computador dela há algum tempo atrás para poder ajudá-lá quando não estivesse por perto (era o primeiro Mac dela).

Então usei o acesso remoto do Mac para fingir que era um fantasma precisando de ajuda. A cada 5 minutos roubava o teclado e teclava algo como “Preciso de ajuda”, “Estou do seu lado. Você não me vê?”.

Ela ficou desesperada e eu logo caí na risada. Pelo menos pra mim foi engraçado. :D

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“And, in the end The love you take is equal to the love you make.”

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Para seguir o Caio Gondim:

Autor(a) do artigo

Akira Hanashiro
Akira Hanashiro

Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Pós-graduado em Projetos e Desenvolvimento de Aplicações Web e MBA em Machine Learning. Especializado em Front End e curte desenvolvimento de jogos.

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